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COVID19 E A ECOLOGIA INTEGRAL, DIVERSAS IDEIAS, ENTRE ELAS A SUPERAÇÃO DO COVARD17

Kobra cria mural de grafite em homenagem
a vítimas do coronavírus e fará leilão de obras
para ajudar sem-teto de SP
 Texto escrito em 2020


Pensar as consequências do COVID19 é um ato relacionado diretamente a ações de política partidária governamental. Cada qual, toma as decisões de acordo com seus interesses, que podem atender o bem comum, ou não. Mas antes, considerar-se que uma caminhada política pelas ruas com fala aos populares, ou uma carreata, não é um pensamento em torno do bem comum, mas é uma ação política. O que se torna muito difícil não tecer críticas ao governo. A crise epidêmica, além da saúde, é também  uma crise de gestão. A premissa é evidenciada nas falas do Ministério da Saúde, quando reflete o problema da ocupação de leitos de UTI, daí a necessidade do #fiqueemcasa. Então afirmamos com certa segurança, é uma crise de gestão.

Muitos dos filmes de catástrofes que vemos, o final é sempre marcado por ações de solidariedade. O 2012, termina com um discurso descolonial muito forte. Algumas dessas falas ainda hoje são replicadas pela mídia. Mas não é o tom geral. Quando há um coro de vozes que, questiona medidas sanitaristas, ou tentativas de estabelecer uma campanha em prol do mercado e do capital, a solidariedade torna-se apenas um discurso vazio e sem sentido. “Precisamos trabalhar”. Não, precisamos viver. Ou ainda, religiosos neopentecostais ou católicos alienados gritando o retorno imediato das igrejas. Que solidariedade é essa?

 A manutenção da vida, necessita de investimentos fortes em dois setores estratégicos. Não se faz avanços sem injeção de dinheiro na ciência e na educação. O que vivenciamos nos últimos dois anos, foram cortes ou contingenciamentos (palavra da moda), que só evidencia a mediocridade ideológica de um modelo de gestão pública. Agora, este povo “anti” clama por cura. E são os primeiros a esbravejar. O esforço da superação da COVID19, não se passa apenas por decretos de isolamento, mas em fomentar pesquisas permanentes que pensem a ciência e a educação, não por áreas de interesse do capital. Contrários a isso a CAPES deixou claro na última semana, que pensar a integralidade das ciências não é prioridade. Que a educação pode ser substituída por meios virtuais emergenciais. Pensar o ser humano em um contexto de vida é raro, pensa-se apenas por áreas de interesse, esta é a mensagem que vimos nas portarias e decretos educacionais nos últimos dias.

Nas crises verdadeiras, e não a da econômica, o vírus atacou a catedral do consumo. Quando se se fala em fechar um shopping, há uma mensagem passada. Não podemos transitar em um templo do consumo. A vida pautada pela efemeridade do “fast” é recolhida. Sem o transitório, se cria um discurso do medo, de perca sobre o controle social. Quando há uma projeção de falas, do tipo, precisamos trabalhar, é preciso atentar-se para sua falácia. Na verdade, quer-se dizer, precisamos consumir, circular, restaurar a crença no consumo. O apelo por uma ecologia integral é substituída pelo do consumo como necessidade de sobrevivência da vida, e não da vida para sobreviver, o consumo e aquilo que alguns chamam de mercado. O mercado é inanimado.

Urge dizer que os direitos humanos prevalecem sobre o mercado. A primazia do mercado é uma falha de caráter. Não se pode tratar o mercado como se fosse um organismo vivo. A “anima” é humana. O pensador Leonardo Boff, vai além, fala da Mãe Terra como anima. Ali está a vida. Mas há o problema sobre o que fazemos com ela. E quando um discurso liberal da necessidade do trabalho e da produção aparece, é um sinal claro, que a Mãe Terra está infectada por um vírus ainda pior.

Quanto maior o número de doentes, maior o ganho da indústria farmacêutica. Esta é a lógica da medicina liberal. Parece, mesmo depois das falas da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da estapafúrdia campanha “O Brasil não pode parar” (que custou 4,8 milhões), que a produtividade prevalece sobre o valor da vida humana. Economia e prevenção não caminham juntas. Os políticos brasileiros escolheram um slogan débil. Não haverá economia sem a prevenção, mas pelo visto, nem a indústria farmacêutica, nem o setor industrial estão preocupados por isso. Diante do quadro, o contingenciamento, na educação e na ciência, soam como um crime. São setores que poderiam surgir com respostas frentes ao contágio. Mas os discursos midiáticos nos tornam reféns daqueles que negam a ciência e da educação.

A falha está em provocar uma discussão superficial de lavar mãos e criatividade para vencer a crise econômica. A casa comum é muito mais do que isso. Mas, diante da mediocridade, o que nos resta?


Prof. Dr. Albio Fabian Melchioretto

https://orcid.org/0000-0001-8631-527



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