O filme fala da morte. Ela tem um “punhado” de
perspectivas. Brinca com a morte por meio de uma narrativa bem-humorada. Os
“mocinhos” do filme, são mafiosos. Controlam o sindicato, se envolvem nos
bastidores da política, da polícia e da notícia. O bom humor e apelo aos
personagens, não podem se desviar da moralidade e deveria nos questionar do
papel que a máfia ocupa, não só na trama, mas no dia a dia. Então, há humor na
imoralidade? Frank não se incomoda com seus serviços, apenas sofre, com Pegg, a
única filha que o desafia. Ela é símbolo da resistência por meio do silêncio.
Não fica claro, se ela é seu alter-ego dominado pelos princípios cristãos, ou a
ausência de seu poder sobre ela. Fiquei com esta dúvida na cena que ele vai ao
guichê do aeroporto e ela o ignora. A morte está presente o tempo inteiro, mas
ela é naturalizada. Tão comum, quanto chamar um italiano de Tonni. Diz Frank,
“todos são Tonnis”.
Mesmo assim, as filmagens não retratam a morte. Como se o
filme convivesse com a morte, mas ela é renegada. O sangue na parede, vira
pintura. Os tiros, são distanciados, as cenas de violência, direcionadas para
outros ângulos. Muita coisa é subintendida. É uma história que nos lembram
outros filmes de gângster, e nos transporta para um mundo, que não é o submundo
de outros longas, mas é uma discussão de poder e controle sobre as massas. A
morte de pessoas; a morte de uma história (a enfermeira que não conhece Hoffa);
a morte de uma época; a morte da moralidade, enfim, um filme de ausências que
narram tão fortemente outra-história, para além daquela de Frank.
Texto escrito em 2020
Prof.
Dr. Albio Fabian Melchioretto
https://orcid.org/0000-0001-8631-527
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