Na era da modernidade líquida, a educação vive sob a sombra de um cenário que a torna cada vez mais frágil e descartável. Consumimos cursos. Zygmunt Bauman alerta que, em um mundo que valoriza a rapidez e a utilidade imediata, a escola e a universidade perdem espaço para a lógica do resultado rápido. Não se pode mais ler longos textos, vídeos devem ser curtos, e a profundidade dá lugar a estupidez de superfície. Quando mergulharemos? Neste espaço predominam métricas de produtividade e retorno financeiro, o ato de ensinar e aprender se torna um processo frio, desprovido de cuidado e com pouco espaço para o imprevisto criativo. A escola deixa de ser lugar de aprender e tornou-se negócio, negando o que há de mais nobre do saber, o ócio. É aí que nasce a perigosa noção de empreendedor de si, tão celebrada pela educação contemporânea. O indivíduo passa a ser visto como um projeto empreendedor, responsável por maximizar seu próprio valor de mercado em detrimento do saber, algu...
Neste breve texto pretendo discutir o emburrecimento do discurso em microblogs para pensar a existência de discursos de ódio em mídias sociais, ou na pior das hipóteses, negá-los. Em primeiro, quero apresentar o contexto desta postagem. O que chamo aqui de emburrecimento é a ausência de uma reflexão crítica e sistêmica. Há um uso comum, como insultos, mas aqui, como condição da ausência. Já, microblogs são ferramentas de mídias sociais que permitem a postagem de textos curtos. O mais conhecido é o antigo Twitter – me nego a usar o novo nome daquela mídia. Por ora, centro minhas reflexões no Threads, microblog do grupo Meta, onde mantenho um perfil ativo e cítrico. No último domingo escrevi um texto que ultrapassou 5 mil visualizações e muitos comentários críticos, e dezenas deles ofensivos. Postei, “eu entendo um super rico questionar tributação e defender o livre mercado, mas um pobre? E claro, vale lembrar, classe média é pobre, repita comigo: po-bre! ” [1] A postagem partia de ...