Ainda me incomoda o discurso do político de estimação. O incomodo está, no fato que o defensor usa de argumentos torpes para justificar sua estima. Este incomodo me levou a estudar Freud. Em tempos de anomia social, as pessoas tendem a agrupar-se em torno de discursos de ódio, discursos mais conservadores, porque eles falsamente prometem uma ideia de segurança. O estado de anomia gera insegurança, então agrega-se em torno do primeiro que promete a volta ao estado de conforto. Não é o crédito em si do discurso de segurança em voga, mas a cegueira causada por uma anomalia que permite olhar apenas por feche de luz, sendo o prometido pela figura do salvador. A psicanálise permite olhar e entender a fragilidade política que vivemos. Depois de uma década de crescimento, os anos de estabilidade desaparecem e fazem repudiar a queda, que já vivida antes do crescimento, portanto, agora, novamente temida. A queda se representa maior do que é, e nela o medo de perder as benécias e conquistas na década de crescimento direcionam para atitudes desesperadas, como apoiar candidatos que se promovem como salvadores da pátria. A criação de um salvador pressupõe a criação de um demônio, e ele é importante para dar coesão grupal em torno da repulsa. Veja as atitudes de Bolsonaro e do Cabo Dalciolo, discursos não mediados por instituições sociais, tampouco, guiados por uma racionalidade. Não há uma proposição discursiva, apenas um ataque ao oponente, favorecendo o surgimento de um novo objeto de ódio. O que por consequência incita a figura puerial de um pai protetor, algo fantasioso, mas próprio para um tempo de desproteção, afinal nosso atual governo ilegítimo, não é aprovado pela população, o órfão busca um pai, mesmo ele guiado pela douta ignorância. É um pai protetor que conduz a pátria e, ao mesmo tempo, reprime a sexualidade, acaso ou fruto de um tempo em desespero? Mas este pai que oferece afeto, ignora os princípios básicos da democracia, pois consigo promove a xenofobia, a discurso de ódio as minorias, a intolerância ao diferente e o uso de armas como solução, desfaz o monopólio da violência diluindo a todos um estado perene de anomia voltando a causa de sua existência. Então, usar-se-á da democracia para seu próprio fim.
Prof. Dr. Albio Fabian Melchioretto
https://orcid.org/0000-0001-8631-5270
https://orcid.org/0000-0001-8631-5270
Dica cultural:
Psicologia das Massas e a Análise do Eu,
Freud. https://www.saraiva.com.br/psicologia-das-massas-e-analise-do-eu-pocket-4925325.html
Texto escrito em 2018
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