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QUANDO A RELIGIOSIDADE MATA A DEMOCRACIA

 Quando a Bíblia é colocada no centro de um país, anunciamos a chegada de uma grande ditadura. O fenômeno religioso e a expressão política, deveriam caminhar em esferas separadas. A história do tempo passado já nos mostrou isso. Enquanto nos últimos meses, aqui no Brasil, especialmente, vimos uma mostra, do quanto perigoso é a união de elementos religiosos e políticos. O perigo não está na vivência de uma religiosidade, mas pela incapacidade de leitura destes falsos profetas que se vestem de políticos. Interpretam a Bíblia de modo errôneo, criam demônios e desconsideram a sabedoria ciência humana. Nesta barca temos o conjunto do (des)governo brasileiro, os líderes do golpe boliviano, os colombianos que implodiram o processo de paz, os ativistas venezuelanos e a turminha de Trump.

Todos são loucos na interpretação, mas conscientes em matar a democracia. Usam a Bíblia e justificam sua insana leitura como obra divina. Entre os crimes que comentem, usam abertamente o discurso de ódio contra as minorias. Um falso moralismo de interesse econômico, é erado fazer sexo, mas fecham os olhos para os puteros; criminalizam o carnaval por ver um par de seios amostram, mas se pudessem privatizariam o banco de leite. Por que estes temem tanto o sexo? Se apropriam de uma leitura de Saulo de Tarso, por meio de um recorte, e não consideram as comunidades de Saulo, pensam que hoje nós a somos. Quase infartam quando Papa Francisco conclama por uma nova teologia das mulheres e prega uma ecologia integral.

A morte parece ser o único caminho que conhecem. Malucos fundamentalistas sempre existiram, o problema é que agora matam nossas estruturas democráticas e o uso sem-vergonha da religiosidade forma uma leva de alienados. Esta quantidade significativa, repete discursos, bordões, gravam frases de efeito e pouco refletem, se é que refletem. Estaria exagerando se em cada bravata do presidente houvesse uma forte resistência, mas o que vejo é uma pacificidade diante do discurso que criminaliza pobre, dobram o joelho todo domingo, mas buscam legitimar a violência e defendem a morte da natureza.

Se não bastasse Brasília, La Paz, Bogotá, Caracas e Washington, agora também estão nos bancos das igrejas. 

Texto escrito em 2020

Prof. Dr. Albio Fabian Melchioretto

https://orcid.org/0000-0001-8631-527

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