"Na sociedade sólida moderna, de produtores e soldados, o papel dos pais consistia em incutir nos filhos, a todo custo, a autodisciplina" (Bauman, 2011, p. 49) Tenho medo de voar. Entrar no avião e passar as horas necessárias até o destino me é sufocante. Diante da necessidade e da prática, o faço, mas evito quando posso. Em uma dessas ocasiões, fui acompanhado pelas 44 cartas do mundo líquido moderno , de Zygmunt Bauman. Não escolhi o polonês para me acalmar, pois ele desperta o desejo contrário. Escolhi a obra porque o livro foi um presente de Dia dos Professores de uma pessoa muito amada. Ao estar com o livro, estava com ela na viagem. Enquanto Bauman refletia sobre as intempéries da contemporaneidade, eu me segurava nas páginas de uma doce lembrança. O livro, como sugerido no título, é composto por cartas escritas por Bauman durante dois anos (2008 e 2009) para leitores italianos. Uma das cartas, intitulada “Pais e Filhos”, chama a atenção. Nela, o autor recupera Michel...